O senso comum dita que o capitalismo é algo danoso para a sociedade. Que leva à pobreza, desigualdade, destruição do meio ambiente, entre outros males. Porém, pouco se discute e pouco se ensina (tanto nas escolas quanto na sociedade em geral) a veracidade de tais fatos, nem tampouco os prós e contras dos demais modelos existentes.
O capitalismo ao contrário do que se imagina, é uma condição natural do ser humano. A partir do momento em que o ser humano começou a realizar a troca de mercadorias através de trocas voluntárias entre produtores e consumidores, o capitalismo surgiu e pode proporcionar sem dúvidas, os maiores avanços na história da humanidade.
Origem do Capitalismo
Para melhor entendermos o capitalismo, vamos à sua origem. O capitalismo (modelo econômico que preconiza o acúmulo de capital) como o conhecemos hoje se originou na Europa durante a revolução industrial, entre 1700 e 1800. A grande maioria das pessoas trabalhava nas terras pertencentes à nobreza, em regimes de trabalho sub-humanos, sem qualquer perspectiva de crescimento. Lembrando que era proibida a posse de terras por membros da plebe. Ou seja, o status social de um homem permanecia inalterado, herdado de seus ancestrais.
Contudo, a população rural se expandiu, e os nobres já não precisavam de todas aquelas pessoas para trabalhar em suas terras, e foi surgindo assim uma enorme massa de pessoas ociosas, sem acesso a terras para trabalhar, e sem oportunidades de trabalho nas cidades. As únicas indústrias de manufatura existentes tinham o propósito de produzir os artigos de consumo da nobreza, em escala limitada. Essa população se tornou tão numerosa que se tornou uma ameaça ao sistema social vigente.
Eis que então algumas pessoas começaram a formar grupos para montar pequenos negócios para produzir alguma coisa. De forma inovadora, produziam bens mais baratos, para consumo da população em geral, que antes não tinha acesso a esses bens. Surge aí a primeira centelha do capitalismo: pequenos capitalistas investindo em suas ideias para atender à uma necessidade da sociedade.
Esse é o espírito do capitalismo: capitalistas criando riqueza (para si mesmo, para os seus trabalhadores e para a sociedade em geral) atendendo a demandas existentes que anteriormente não eram atendidas, aumentando assim a qualidade de vida de todos.
Logicamente isso não agradou a todos. Os nobres, donos de terras, ao terem que pagar salários maiores aos seus trabalhadores (pois os salários das novas fábricas eram mais atrativos), rapidamente criticaram este novo sistema, onde qualquer plebeu poderia se tornar tão rico (ou mais rico) que nobres detentores de terras a muitas gerações.
E no mundo moderno?
Hoje, quando se fala em "capitalista", ou o dono do capital, a primeira imagem que vêm em mente é de um grande industrial, ou o presidente de uma grande corporação. Sim, pode ser. Mas também pode ser o pipoqueiro, o dono da carrocinha de cachorro quente ou a cabeleireira que improvisou um pequeno salão em sua garagem. Todos eles investiram o seu capital (algumas vezes todo o seu capital) porque identificaram uma demanda não atendida na sociedade, e ao atenderem tal demanda de forma eficiente, esperam ter o seu justo lucro.
Porém, ao contrário do que se imagina, existe pouca diferença entre o grande e o pequeno capitalista. Nenhum dos dois tem poder algum sobre o mercado em que atuam, nem tampouco sobre os seus negócios. Em um sistema capitalista, todo o poder está na mão dos consumidores. E se o capitalista (grande ou pequeno) não obedecer às ordens vindas do consumidor, certamente irão a falência. Nem mesmo a mais "poderosa" empresa do mundo sobreviverá se não tiver clientes comprando o seu produto ou serviço.
Nenhum outro sistema econômico é capaz de produzir riqueza e de proporcionar que os mais pobres possam, através de seu trabalho, obter parte dessa riqueza para si.
Quando se acumula capital, esse capital excedente é poupado ou investido. As instituições financeiras que recebem este capital o transferem, na forma de empréstimos, para empreendedores em busca de capital para criar ou expandir o seu negócio, que até então não era viável, por falta do capital necessário. O primeiro uso que será dado a este capital suplementar será a contratação de trabalhadores ou a compra de matérias-primas, o que leva ao aumento dos salários e dos preços dessas matérias-primas. Ou seja, o trabalhador então desempregado e o fornecedor de matéria-prima já participarão do benefício dessa poupança adicional, antes mesmo do empreendedor, que tomou o empréstimo, ter algum lucro.
Este é o ciclo econômico que se forma em um sistema capitalista.
Livre mercado X capitalismo de estado
É muito comum no Brasil a presença de monopólios ou oligopólios (o primeiro, apenas uma empresa, e o segundo, que algumas empresas vendam determinado produto ou serviço) garantidos pelo governo, onde, por falta de concorrência, os serviços prestados são ruins, e os preços, elevados. Não devemos confundir esse cenário com o capitalismo, ou com algum efeito colateral inevitável deste. Um exemplo de monopólio é a Petrobrás, que, monopoliza o processamento do petróleo no Brasil. Um exemplo de oligopólio, são as redes de telefonia, onde um pequeno grupo de empresas é escolhido pelo governo para que tenha concessão de telecomunicações.
O sistema capitalista pressupõe a existência de um livre mercado, onde qualquer pessoa pode empreender e competir, sem amarras - termo conhecido como "laissez-faire". Infelizmente esta não é a realidade predominante no Brasil. Vivemos em uma combinação perigosa, contendo uma carga tributária elevada e confusa, leis trabalhistas desestimulantes e excesso de regulação fazem do Brasil o paraíso dos monopolistas, e o pesadelo dos empreendedores. A CLT além de prejudicar os empregadores e empregados, ajudam a garantir o desemprego em épocas tais como agora, de crise.
Todos os empecilhos citados, somados à ajuda governamental a algumas empresas (em detrimento de outras e da livre competição), deixam nosso país muito longe do livre mercado e próximo do que se conhece por capitalismo de estado.
Precisamos de mais capitalismo, mais livre mercado, que são os ingredientes fundamentais para a prosperidade de qualquer nação.
"laissez faire, laissez aller, laissez passer", do francês - deixai fazer, deixai ir, deixai passar.



